13 de janeiro de 2010

Arruda controla CPI e deve barrar impeachment

Arruda controla CPI e deve barrar impeachment


Governador tem aliados em postos-chave de comissões da Câmara Legislativa que decidirão seu futuro político
Alvo de investigação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), garantiu ontem maioria nas três comissões que vão investigar e decidir seu destino, nos próximos meses, na Câmara Legislativa. A estratégia é evitar o processo de impeachment e o avanço nas apurações sobre o "mensalão do DEM", apelido do esquema de corrupção em seu governo revelado pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal.

O presidente e o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a analisar as denúncias contra o governo do DF foram secretários de Arruda na atual gestão. Alírio Neto (PPS), o presidente, foi secretário de Justiça até o mês passado, quando seu partido, o PPS, decidiu abandonar a base de apoio de Arruda. A relatoria da CPI ficou com Raimundo Ribeiro (PSDB), também ex-secretário de Justiça do governador.

De um lado, Arruda montou sua tropa na CPI para tentar barrar o avanço das investigações e, de outro, escalou um time para controlar as comissões que vão analisar pedidos de impeachment contra ele. O deputado Geraldo Naves, do DEM, ex-partido de Arruda, vai presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), responsável por uma análise preliminar dos requerimentos que solicitam seu afastamento do cargo.

Caberá à CCJ julgar também os processos disciplinares contra dez deputados distritais envolvidos no suposto esquema de corrupção no governo local.

Naves indicou o relator dos pedidos de impeachment e, mais uma vez, um aliado de Arruda foi escolhido: o deputado Batista das Cooperativas (PRP), que ainda será o vice-presidente da CPI. Para completar, o governador garantiu maioria na comissão especial que deve avaliar os pedidos de impeachment após a votação na CCJ. Só depois dessa tramitação, o caso pode ir a plenário.
FECHAMENTO

Em meio a protestos, ao retornar ontem ao cargo, o presidente da Câmara, Leonardo Prudente (sem partido) - conhecido pelo vídeo em que coloca nas meias dinheiro supostamente oriundo de propina - decidiu fechar as dependências do prédio para o público, por questões de "segurança".

Pela manhã, um grupo de deputados pediu a Prudente para que deixe a presidência da Casa, por ser alvo de investigação. A solicitação foi feita pelos quatro parlamentares do PT e José Antônio Reguffe (PDT), que formam o bloco oposicionista.

Prudente, no entanto, insiste em permanecer no cargo. "É um deboche com a população o Prudente continuar na presidência. Em nenhum país sério um investigado conduz sua própria investigação", disse Reguffe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário